Narratives and Numbers
Segundo Damodaran, a era da especialização e da alta divisão de trabalho segmenta as pessoas entre dois grandes grupos: as que se afeiçoam pelo storytelling e as que afeiçoam pelos números.
Eu sou por essência uma right-brainer.
Quando tive a ideia de começar uma newsletter, pensei bastante sobre qual seria meu primeiro texto e que ideia eu queria passar para quem quer que se interessasse pelo que eu tenho a dizer, de uma maneira pouco mais organizada e menos entrópica que o Twitter - ainda que as duas ferramentas se complementem muito bem. Tive a ideia de fazer um conteúdo técnico de mercado, mesmo com a pouca experiência que eu tenho, não só porque queria falar, mas muito porque queria ouvir o que as pessoas têm para me responder. Acredito que o aprendizado se faz através dessas discussões.
No começo de um projeto, a narrativa tem um papel muito mais importante do que os números - é assim com empresas, é assim na vida. A narrativa é sedutora e fascina. Com o desenvolvimento/maturação, os números passam a ter um papel cada vez maior no valor de uma empresa - talvez passem a desempenhar a maior parte, ao passo que a narrativa míngua.
Por ser o começo deste projeto, optei pela narrativa.
O que pode ser tão somente uma metalinguagem, a narrativa de uma narrativa. Esse é um viés de confirmação que me beneficia pois tenho maior afeição pela pesquisa qualitativa, no fim das contas. E narrativas explicitam muito mais nossos vieses do que números.
Sabendo que a estrutura do sistema econômico a nível global faz com que as pessoas fiquem cada vez mais especializadas, e a partir da leitura de textos, entrevistas e livros de algumas pessoas que admiro - Naval Ravikant, Charlie Munger, e mesmo o Elon Musk -, concluí que melhor que ser um especialista, a construção do conhecimento está calcada em ser um generalista.
Ser um generalista depende, para Munger, de uma coleção de modelos mentais. E é a isso que tenho dedicado minha vida nos últimos meses. Uma construção de modelos mentais de diversas disciplinas e áreas que me permitam enxergar problemas de uma maneira mais holística.
Modelos mentais nada mais são que simplificações psicológicas de modelos teóricos que nos auxiliam a compreender o mundo. Essa newsletter é uma junção dos meus modelos mentais.
Do que venho aprendido, do que ainda tenho a aprender, de como diversas áreas do conhecimento - psicologia, política, economia, contabilidade, história, matemática, física, filosofia, artes visuais - se interconectam. E como estes modelos vão oferecer lentes para interpretar o mundo lá fora.
A narrativa e os números parecem de início antagônicos. No entanto, ambos, combinados, são uma fórmula vencedora na criação de valor de um negócio.
Modelos mentais de diversas disciplinas parecem também conflitantes. Mesclados, no entanto, acredito que eles ajudem a entender o mundo em sua completude. Acredito que ter conhecimentos diversos maximiza os ganhos de uma maneira que ser um especialista (deter modelos em menor quantidade de áreas) jamais poderia fazê-lo.
E a maximização de ganhos é geração de valor. Que é um dos pilares centrais da minha vida.
Mas isso, claro, vem de uma storyteller. rs
Obrigada por ler!