talvez você esteja ignorando um mercado de bilhões de dólares
mas o BTG Pactual já se posicionou
Meus doces, bom dia.
A Atlantico Venture Capital fez um estudo neste ano trazendo um número impressionante: aproximadamente 41% dos usuários brasileiros de mídia sociais seguem influenciadores - um número muito superior à média mundial, de 23%.
Um recente estudo da Hotmart aponta também o Brasil é líder em crescimento global dentro do segmento de Creator Economy. Em outras palavras, somos o mercado que mais cresce em infoprodutos, influenciadores, publicidade digital, e todo o ecossistema de produção de conteúdo online.
Segundo o Goldman Sachs, essa indústria, que cresce exponencialmente, pode chegar a meio trilhão de dólares em mercado endereçável (TAM) em 2027, frente aos US$250 bilhões de hoje. A modelagem dos analistas do banco tem como principais drivers:
o crescimento dos gastos de empresas com marketing de influência
o aumento da monetização de plataformas de conteúdos de vídeos curtos (TikTok e Youtube Shorts, por exemplo).
Fonte: Goldman Sachs
Associado ao estudo da Hotmart, fica fácil entender como somos líderes em crescimento desta indústria. Somos o segundo país que mais passa tempo na internet e a facilidade dos meios de pagamento online, sobretudo o pix e o parcelamento do cartão de crédito, são, com certeza, dois catalisadores deste processo. O mercado dos blogueirinhos, que já circula centenas de bilhões de dólares, é um mar de oportunidades - especialmente se você é brasileiro.
Se somos um público que passa mais tempo online que a média mundial e também o que mais cresce em Creator Economy, existe uma oportunidade para diversas empresas se beneficiarem da sinergia com a produção de criadores de conteúdo digital - mesmo porque uma coisa é a marca falar de si mesma, e outra coisa completamente diferente é uma pessoa "comum" falar de uma marca para sua audiência/comunidade.
E para falar de marketing e deixar este conteúdo mais rico, convidei a Luise Villa, que está na Creator Economy há 12 anos e é consultora de business marketing para mercado financeiro - tendo trabalhado com gigantes da indústria global, como Oaktree, KKR e Bridgewater.
Algumas áreas mais inovadoras, já há muitos anos se expõem a esta maneira de fazer marketing, associando-se a produtores de conteúdo. Outras, como a nossa, tendem a ser um pouco mais receosas em adotar novos processos. Quem se expõe primeiro de maneira assertiva em uma inovação, tem vantagem frente aos novos players - é o que chamam de early adopters, dentro da tecnologia.
OK, já entendemos um pouco sobre Creator Economy. O que o mercado financeiro tem a ver com isso?
Just Do It
A associação de “influenciadores” (em sentido amplo) a entidades do mercado financeiro remonta à propaganda do Itaú - “feito para você”, no seu canal favorito da televisão aberta - com pessoas públicas (celebridades), especialmente da mídia tradicional, muito focada no varejo. Alguns anos depois, em 2021, a XP, também focando no varejo, buscou chamar atenção de novos investidores prospectando 300 creators e acelerando-os para falar de educação financeira em seus próprios perfis nas redes sociais. A iniciativa da XP foi diferente do Itaú porque surfou o crescimento de influenciadores nascidos na própria internet - os chamados nativos digitais - e acelerados pela própria XP, que tem cases pioneiros em influência digital em finanças (como o próprio Thiago Nigro, o Primo Rico). Os influenciadores digitais preenchem a falta de informação e transparência que existe entre um potencial cliente (que muitas vezes tem o capital, mas não tem a informação financeira) e uma empresa do nosso mercado. A influência digital desafia o paradigma de que falar de finanças é complexo e inacessível, e quebra o estigma de serem necessários uma linguagem formal e uma camisa azul-bebê.
É fato que influenciadores movimentam fluxos relevantes de capital (GameStop, para sintetizar), portanto, é leviano dizer que eles não podem ser uma ponte de comunicação entre instituições financeiras e seus clientes.
Você pode ser cético, mas não pode ignorar uma tendência. Mesmo porque o preço de entrar por último no fluxo é… pagar caro.
Por que as empresas do mercado financeiro estão olhando para a Creator Economy?
Quem explica não sou eu. O CFA Institute destaca três grandes drivers para o aumento substancial do uso de conteúdo de redes sociais por parte da Gen-Z, sendo eles:
exposição insuficiente à educação financeira;
interação limitada a consultores financeiros;
tendência e preferência a consumir informações através de plataformas digitais
O BTG Pactual também fez diversas ações com pessoas públicas - não necessariamente nativos digitais - como o gigante da gastronomia brasileira Alex Atala, a estilista Lethicia Bronstein e o piloto Felipe Massa. O interessante é que, na campanha com estas celebridaes, eles não falam sobre dinheiro, mas sim sobre pilares que interessam a persona que também se interessa por mercado, como família e empreendedorismo. Mais interessante ainda é que, muito recentemente, o banco também se expôs aos influenciadores do nicho do mercado de luxo, entre eles Silvia Braz, Alexandra (Lele) Burnier e Marcella Tranchesi.
Existem coisas que o dinheiro não compra…
Instagram da Silvia Braz
E existem coisas que o dinheiro compra… e gera ROI significativo. O BTG Pactual, como um banco focado em wealth management e UHNWI (ultra high net worth individuals), faz um marketing assertivo ao se relacionar com influenciadoras de luxo, na medida em que as pessoas que consomem esse conteúdo têm forte semelhança com a persona que o BTG busca chamar atenção.
A brasileira Silvia Braz, que hoje é uma das maiores (talvez a maior) influenciadoras de luxo no Brasil, tinha, segundo a Vogue Negócios, quase 60 contratos ativos, não só com marcas do mundo da moda como Dior, Gucci e Dolce & Gabbana, mas também Audi, JHSF, hotéis, alimentação e mesmo aviação.
Por que focar em influenciadoras de luxo?
O universo de investimentos é frequentemente associado no imaginário das pessoas como um meio para se ter acesso a bens de luxo (como roupas de marca, relógios caros e carros esportivos), ou suficiente para ter muito lazer, como ir a bons restaurantes e fazer viagens internacionais em belos hotéis. Há uma sinergia gigantesca entre o conteúdo aspiracional de luxo e o wealth management.
O overlap de público com influenciadoras como Marcella Tranchesi e Lele Burnier, que compartilham o mesmo lifestyle, gera um efeito precioso no marketing: o fear of missing out, ou FOMO, que puxa ainda mais pessoas do topo de funil para a consideração.
Think Different
Se o BTG fez só mais um move de mercado ou foram vanguardistas nesta tacada, só o tempo irá dizer.
Mas nós, como vocês podem ver, temos a nossa opinião.
Somos mais de 3.000 investidores, CEOs, fundadores, gestores de fundos de investimentos, analistas de equity e crédito, assessores, profissionais de M&A, family offices e fundos de Private Equity e Venture Capital. Entre custódia e administração, esta base de e-mails movimenta alguns bilhões de reais.
Obrigada, como sempre, por dedicar uma fração do seu ativo mais precioso - seu tempo - e ler essa newsletter.
Clara Sodré
Que texto maravilhoso. Esse tema é importante e tem muito dinheiro na mesa que dá para ser pego com uma pá. Em 2023, consegui fazer +- 17% do meu TC apenas com conteúdos (publis e parcerias). Mesmo fazendo menos do que gostaria, já que minha principal fonte de receita vem do CNPJ, atuar num nicho específico trouxe um bom retorno e abriu novas perspectivas de mercado.
E achei muito bacana essa virada do Pactual. Estratégia que já vinha desde 2020 (ou talvez bem antes), quando organizamos a revista exame como um novo canal de aquisição para o digital do banco. Foi possível acompanhar bem esse desenvolvimento em volta dos creators, que hoje além do Atala, tem também Manu City (ou ama, ou odeia), Rodrigo Hilbert, Lucas Amadeu, Flávio Augusto etc.
Obrigado pela visão, Sodré!
Excelente texto! Ótima leitura, rico em visual e dados com a linguagem atrativa e inteligente de sempre. Abordou pontos fundamentais de um nicho q pouco se fala. E gostei da teoria micro implícita.