Meus doces, bom dia.
Há alguns anos fiz uma thread no Twitter sobre um artigo que achei interessante para ser uma seção desse quadro - que ainda estou experimentando, então adoraria que vocês dissessem se ele faz sentido, se não é interessante, o que vocês gostariam de ver mais etc.
O Junk Bonds tem o objetivo de ser um artigo curtinho, concatenando algumas coisas interessantes que eu possa ter visto ao longo da semana - mas talvez não a ponto de eu escrever um post inteiro a respeito. Deem uma chance, vejam se gostam e, como sempre, por favor, me deem feedbacks!
E se Deus fosse gestor de recursos?
Muitas vezes, lemos nas nossas redes sociais ou mesmo ouvimos por aí: “se eu soubesse que esse papel ia voar, teria entrado/teria dobrado a mão”. A sina do investidor é estar constantemente insatisfeito - seja por má rentabilidade, seja por não ter se arriscado mais. Mas poderia você, ainda sabendo das grandes altas da bolsa (e antes de todas as outras pessoas), gerar alpha de maneira extraordinária?
A grande questão deste estudo é: Se uma pessoa clarividente trabalhasse com gestão de portfólio, ela seria demitida?
Já te adianto a conclusão: um portfólio gerido pelo próprio Deus geraria um retorno anual de 29,37%, uma diferença significativa em relação ao benchmark (o S&P). Mas não sem ter um drawdown expressivo no portfólio em pelo menos algum momento na série histórica.
Resumo tirado do artigo do Alpha Architect.
Para avaliar um portfólio gerido por alguém sobrenatural, o desenho da pesquisa foi o seguinte: esse gestor saberia todos os papéis que seriam ganhadores de longo prazo, à frente do tempo. São escolhidos papéis num horizonte de 5 anos olhando CAGR e retorno (incluindo dividendos). O portfólio é rebalanceado a cada 5 anos, a partir do ano de 1927.
Ainda sobre o drawdown do portfólio de ‘Deus’, um quadro do Alpha Architect sobre o tempo de recuperação de grandes quedas - e suas datas, geralmente associadas a grandes crises - também traz alguns insights interessantes. Veja que até um investidor em um fundo de um gestor onipotente passaria algum tipo de perrengue em bear markets, a despeito do alpha gerado no horizonte de tempo.
Além disso, não sei vocês, mas 76% de DD me parece muito pouco palatável para investidores - especialmente pessoa física, que tende a ser um passivo um pouco mais impaciente.
Num long and short, a conclusão é parecida: um CAGR mais alto e o drawdown ainda substancialmente alto. Isso porque um papel ganhador em longo prazo pode se manter subvalorizado por muito tempo - e pior do que isso, existem empresas baratas que podem ficar baratas para sempre.
Se você é um leitor assíduo do Compounders viu que uma frase comumente se repete: o mercado pode ficar irracional por mais tempo do que você fica solvente. Absorver essa mensagem é primordial.
O lema é rima com aquele episódio chato de domingo no National Geographic: quando avistar um urso, não faça movimentos bruscos. Essa, obviamente, não é uma dica de sobrevivência na selva. Risos.
Não subestime a aleatoriedade - ou sorte, na prática
“O mundo remunera melhor quem melhor comunica ideias, não quem tem as melhores ideias” - David Perrell
Imagem do Visualise Value
A latticework of mental models
Recentemente perguntei ao Rodrigo Campos, ex-GP Investments, ex-Constellation e board member da Armor Capital (temos entrevista com o Alfredo Menezes aqui), de algum livro, dentro ou fora da temática de mercado, que ele gostasse muito e o porquê.
A resposta foi surpreendente para mim: Sidarta, do Hermann Hesse.
Por que?
“Sidarta foi esse cara que foi seguidor de Buda que eventualmente se encheu. Falou: você atingiu sua iluminação através da sua vivência. Eu nunca vou chegar lá através das suas lições. Vou viver! Pode trocar Buda por Warren Buffett ou qualquer grande guru dos investimentos”
E como sempre faz no Twitter, Rodrigo trouxe uma lição interessante: o processo tem mais a ver com a auto superação do que com copiar a ‘receita de bolo’ de outras pessoas. A jornada de cada um é individual, começa de um ponto diferente e por uma trilha diferente. Seja a iluminação, o sucesso profissional e financeiro, a satisfação pessoal. A jornada de cada pessoa é única e intransferível.
Fiz uma thread recente sobre alguns livros relativos a saúde, longevidade, sono e esportes, que talvez os interesse.
No meio tempo, queria deixar a recomendação também desse podcast do Andrew Huberman sobre Endurance.
E também deixar um spoiler: tem uma novidade bem legal saindo nas próximas semanas, feita a seis mãos, com bastante dedicação e esmero. Espero que vocês gostem.
Para finalizar…
… talvez te seja útil. Um dos posts mais vistos aqui na newsletter é o sobre a utilidade marginal decrescente, onde uso um conceito simples de economia: quanto maior a disponibilidade de um bem, menos você tende a dar valor para ele. É um pouco daquela frase atribuída a Schopenhauer: a vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir.
É um lembrete seguido de uma mensagem que ficou comigo no domingo: quem só enxerga o que falta, sempre viverá como se não tivesse nada. Queria que vocês ficassem com esse pensamento para essa semana.
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Clara Sodré
Sou suspeito para falar, mas achei esse formato excelente, Clara. Tenho muito curiosidade em saber o que pessoas inteligentes estão consumindo de conteúdo (newsletter, twitter, podcast). Essa linha de conteúdo interessante + curadoria eu acho mt legal. Combinando com as edições mais densas/aprofundadas então, fica perfeito!! Essa news já tinha que ter pelo menos 10k de inscritos...